Esta postagem é para você, que aprende o português do Brasil e frequentemente escuta seu professor ou sua professora dizendo: na oralidade, fazemos assim, na escrita, assado (de outro jeito).
E por que isso acontece? Porque as línguas são organismos dinâmicos e estão em constante mudança (e também porque o português é muito moderninho :P). A gente também muda, né? Imagine que chato seria se você usasse o mesmo estilo de roupa que estava na moda na época em que você nasceu até os dias de hoje? Monótono, nós diríamos.
O português, assim como você, também curte diversificar e mudar de cara. Por isso, é importante lembrar que nós não falamos exatamente como escrevemos e que há várias formas de indicar o que precisamos dizer.
Um grande exemplo disso é como indicar comandos. Provavelmente você aprendeu o modo imperativo nas suas aulas de português, ficou curioso sobre como fazer o bendito brigadeiro (tãããão brasileiro!) e viu ocorrências como: coloque, esquente, cozinhe, mexa… Se você já aprendeu o presente do subjuntivo, então, ainda deve ter visto como as estruturas são parecidas.
Mas como funciona na fala?
Aqui, em Brasília, usamos mais comumente o presente do indicativo para indicar comandos e ordens. É mais comum ouvir: "coloca o dicionário na estante" que "coloque o dicionário na estante".
Como exemplo, vê o vídeo abaixo. A propósito, se você nunca comeu essa maravilha, corre pra cozinha depois de ler a postagem:
Viu só? Nele, a apresentadora não usa o imperativo gramatical para dar as instruções sobre como fazer pudim de leite condensado com baunilha. É muito possível usar outras estruturas para dar instruções. Ela usou o presente do indicativo várias vezes, você percebeu?
Já que também posso usar o presente do indicativo na fala, qual é a forma certa, então?
A boa notícia é que ambas estão certas, não existe o jogo de certo e errado para essas variações da língua. Temos que aprender a diferenciar os contextos de uso, apenas.
Na escrita mais formal, outro contexto de uso, já é comum ver o imperativo gramatical. Veja só essas dicas da Revista Superinteressante sobre como estudar sozinho em casa:

Quantos verbos no imperativo você conseguiu identificar? São vários: estabeleça, respeite, trace, redija, exagere, dentre outros. Nesse texto, temos a escrita mais formal e, por isso, há mais ocorrências da forma gramatical.
Se você escrever um texto mais formal e precisar usar comandos, use o imperativo gramatical. É muito comum ver esse uso em textos como receitas, bulas de remédios, tutoriais e outros textos similares, como o que você acabou de ver.
Mas as possibilidades ainda não se esgotaram! Na escrita, ainda é possível usar o infinitivo para indicar comandos, sabia? Veja só essas dicas do Icepe:

Não é comum usar verbos no infinitivo na fala para indicar ordens e comandos, mas na escrita isso é muito recorrente.
Para retomar, vejamos os exemplos abaixo:
Faz o pudim! ⇒ mais informal e comum na oralidade.
Faça o pudim! ⇒ mais formal e comum na escrita (mas também usado na oralidade em outras regiões do Brasil, como no Nordeste).
Fazer o pudim ⇒ forma usada na escrita, tanto formal, quanto informal.
Tudo certo? Agora, hora de seguir o comando e fazer seu pudim!
Até a próxima!
Autoria: Professora Eugênia Fernandes
Equipe Icepe
Fonte do texto infográfico: Revista Superinteressante. Março de 2012.
Comments